Momo é uma menina baixinha e magrinha, cabelos encaracolados pretos e desgrenhados. Tem olhos grandes e bonitos. Mora sozinha nas ruínas de um anfiteatro. As pessoas do entorno a ajudam a tornar o lugar mais confortável. Com o passar dos dias, Momo se torna a principal ouvinte e sem maiores intenções, a maior razão de profundas mudanças nas pessoas. Todos seguiam suas vidas até a chegada dos Homens de cinza, burocratas da Caixa Econômica do Tempo. Eles convencem as pessoas de que elas precisam se dedicar mais à produção, poupar tempo para o futuro. Os homens de cinza até calculam o número de horas que uma criança perde com a própria mãe!
Com isso, ninguém tem tempo para mais nada: conversas, brincadeiras, experiências... viver ficou para depois. No dia em que um dos homens cinzentos tenta convencer Momo sobre o desperdício de tempo, acaba revelando-se demais e aí precisava dar um jeito na menina que se tornou uma ameaça. E, então, entra em cena a tartaruga Cassiopeia. Juntas defendem-se e encontram respostas.
As transformações socioculturais ocorridas no final do século XIX e por todo o século XX, contribuíram para novas perspectivas sobre o significado do tempo. Este, na maioria das sociedades, passa a ser totalmente guiado pelos ponteiros dos relógios e pelas demandas do mercado financeiro. O mundo tem pressa e parar não significa o necessário ócio e saúde mental, mas perda de tempo e culpa. A protagonista dessa narrativa, uma garota muito sábia, simboliza justamente a necessidade humana de rever tudo isso.
Para além do enredo central, o livro possui várias histórias paralelas que tocam profundamente. Tempo é vida, bem sabem as crianças. E se na correria do cotidiano priorizamos o lucro à própria experiência de viver, certamente estamos fadados ao tédio e ao fracasso.