Gêmeos bivitelinos nunca são idênticos. Nem por fora, nem por dentro. Até podem ser muito parecidos como qualquer parelha de irmãos, no entanto terão manias particulares, viverão aquele embalo de rivalidade fraternal e também momentos de verdadeira sintonia, carinho e admiração. É tudo isso, tudo junto e misturado o que acontece neste livro.
Ele é um pouco atrapalhado com a ordem das sílabas das palavras. Ela não faz por menos e gosta de tirar um barato. Ele gosta de verde, esta é a cor de sua molicha, do moletom, até gosta de espinafre e alface. Ela não gosta de rosa, mas adora tudo que é cor de laranja ou vermelho, prefere cenoura e tomate, até beterraba, e está na cara qual a cor do mochila dela. E assim vai a vida e o texto escrito a quatro mãos por Luiz Raul Machado e Ricardo Benevides, atentos às ideias de oposição na tentativa de desfazer alguns estigmas e estereótipos sociais, como o que pode e não pode entre irmãos, meninos e meninas.
Para dar ênfase a essa proposta, o ilustrador Orlando Pedroso, com seu traço típico de cartum, demarcou as páginas pares à esquerda para a narração do irmão e, no lado oposto, nas páginas ímpares, a voz da irmã. Este é um livro que se ocupa em fazer pensar o quanto as pessoas não são diferentes como roupas unissex e o tanto que são individuais em suas escolhas — e os irmãos fraternos aqui seguem com a bola na ponta do pé e o outro pé na sapatilha de balé.