A euforia das férias é interrompida com a retomada da rotina escolar. Guilherme volta às aulas e a primeiríssima tarefa é a redação proposta pela professora: trinta linhas sobre as férias.
Enquanto seus colegas se preparam para fazer a lição, o garoto sente-se muito incomodado: não é possível descrever em palavras o que viveu nos últimos dias. Mesmo relutando, Guilherme precisa fazer algo. Risca, rabisca, destaca a folha do caderno, e pouco tempo antes do sinal tocar, enfim, escreve sobre um golaço no futebol de verdade com os amigos.
Dias depois, quando recebe a redação de volta, a decepção: correções, vírgulas, acentos, nem um único comentário sobre a beleza que foi realizar tal feito na partida de futebol. Para tornar tudo ainda mais complexo – e frio! – a professora passou como tarefa de casa a análise sintática do texto de cada aluno. O gol genial seria agora um complexo de normas, apenas. Guilherme corre para o final de semana e só recorda de sua tarefa escolar às vésperas da segunda-feira. Na pressão, ele consegue preencher as informações — sujeito, predicado, objeto direto e tudo mais, tudo do seu jeito! Com as suas ferramentas... O que lhe garante uma passagem pela direção da escola!! Agora é o diretor quem deve lhe explicar a relevância das regras gramaticais!!!
O desfecho de tudo isso? Bem, o que pode ser dito é que as normas são necessárias, mas não são o que move o mundo, principalmente, o mundo interior. A escola lida com um emaranhado de emoções, de crianças e jovens diversos. A torcida é para que isso seja sempre considerado.