Uma senhora e um senhor muito velhos não se sentem felizes com tamanha solidão. Há a falta de algo. Certo dia, ela lhe faz um pedido: um gatinho. O senhor lhe atende e encontra no alto de uma colina:
Gatos aqui, gatos acolá.
Gatos e gatinhos em todo lugar.
Centenas de gatos, milhares de gatos.
Milhões e bilhões e trilhões de gatos
Na dúvida de qual gato mais belo levar, o homem escolhe todos e cria uma tremenda confusão. Milhões de gatos o acompanham até a casa. O casal fica apavorado e o leitor mais ainda ao presenciar uma cena cruel em que os felinos se devoram em meio à angústia.
Às vezes, o ideal de felicidade pode nos impedir de enxergarmos outras possibilidades de alcançarmos nossos objetivos, nos encaminhando para escolhas não muito assertivas e com sérias consequências. A escritora e ilustradora Wanda Gág cria essa metáfora e também contribui para a desmistificação do belo, apresentando-o como algo construído e repleto de investimento por parte dos sujeitos. A solidão compartilhada pelo casal, que mora numa casa sem vizinhos ou familiares próximos, chegou ao incômodo máximo que os fez buscar companhia. Muitos olhares são lançados ao desfecho dessa história, inclusive, pode-se conjecturar a adoção simbólica de um filho por meio do gatinho sobrevivente.
Este livro publicado originalmente nos Estados Unidos em 1928 é considerado o primeiro picture book (álbum ilustrado) americano. No Brasil, ganhou sua versão em 2018 pelas Edições Barbatana.