A mãe tem algo para contar ao filho... Ela quer lhe falar de toda a jornada, desde que o menino foi concebido: o quanto ela o quis, o que esperava viver junto a ele. Por meio das imagens, o menininho é retirado do seio da mulher e vai crescendo até tornar-se adulto, e, ainda que mais alto do que sua mãe, ele continua sendo o pequenino tão desejado.
As primeiras páginas do livro são um rico material para o adulto que lê com crianças, pois dão suficiente espaço para as histórias dos próprios leitores, os relatos de família reais ou inventadas. Imprescindíveis para o desenvolvimento infantil são o amor e a linguagem, como sugere o psiquiatra e psicanalista Celso Gutfreind, no livro Narrar, ser mãe, ser pai: “Quando ainda somos crianças, elaboramos a vida psíquica e suportamos o tirão do crescimento através da narrativa.” (2010, p.28)
A obra do casal Gernano Zullo e Albertine é um livro a ser manuseado de maneiras diversas, inclusive como um flipbook, quando passamos as páginas rapidamente e as imagens criam uma sequência animada, com a mesma ilusão de movimento de um filme. Ao ser folheado lentamente, as páginas em branco entre uma ilustração e outra povoam-se de silêncio e respiros subjetivos.
Certamente os leitores pequeninos verão cenas curiosas e engraçadas durante a dança entre as personagens, pois a maternidade é apresentada em nuances distintas. Já o adulto, ora suspira, ora perde o chão das certezas; ser tocado pela arte é sentir emoções diversas, como o próprio viver. Meu pequenino é leitura de prosa, de poesia, do que os olhos não veem.