Antes de se tornar pai, o personagem desta história teve uma banda de rock, divertia-se andando de moto por aí. Enfim, era um cara descolado, que sabia curtir a vida. Pelo menos é isso que o filho imagina. E ele se pergunta porque o pai teria parado de fazer todas essas coisas e se tornado uma pessoa séria.
A narrativa é contada a partir do ponto de vista de um menino que observa o pai realizando atividades cotidianas, como arrumar e limpar a casa, ou cuidar do filho. Ao mesmo tempo, ele conta sobre como a vida do pai era interessante antes de ele nascer. Esta comparação é narrada por páginas duplas intercaladas que mostram o pai no presente e no passado em posições muito parecidas, mas realizando atividades completamente diferentes. Essa similaridade entre as ilustrações incentiva o leitor a ir e voltar várias vezes — na página e no tempo — como num jogo de sete erros, para ver o que permaneceu e o que mudou. A certa altura, pai e filho saem de casa e vão passear no parque. Não por acaso, as páginas que ilustram a intensa interação que se desenrola entre pai e filho a partir daí não têm texto verbal. O passeio, as brincadeiras e a proximidade entre pai e filho ajudam o menino a resolver o mistério desse homem que na verdade nem é tão sério assim, e até faz o filho passar um pouquinho de vergonha.
Um livro que conta a visão de um menino sobre o pai e, por consequência, da paternidade. Um olhar delicado e sem preconceitos sobre essa relação essencial à vida das crianças e sobre a vida adulta.