Em Parelheiros, bairro no extremo sul da cidade de São Paulo, há uma biblioteca curiosamente localizada no cemitério. Amigos inseparáveis, Mário, Luís, Osmar e Paulo querem saber se mortos ou vivos leem por lá e prontamente combinam de visitarem a casa dos livros. A coragem estremeceu logo que atravessaram o portão do cemitério, mais ainda quando avistaram a tal da casa, seria mesmo algo mal assombrado? Que nada! Aline, a bibliotecária, estava vivíssima. De carne e osso. Recebeu os meninos com extrema gentileza e, a partir de então, o quarteto passou a frequentar a casa para tomar livros emprestados.
Neste vai e vem do cotidiano, acontece de tudo nas redondezas do cemitério: perseguição policial, livros salvando a vida de pessoas – literalmente, festas, Carnaval com o Bloco dos Livros e, principalmente, muitas descobertas naquela biblioteca, olhos curiosos, fascínio, encontros com as obras de Conceição Evaristo, Jorge Luís Borges, Alice Ruiz, Lygia Bojunga... Uma comunidade abraçando a oportunidade de ler livros, um direito para todo cidadão brasileiro.
Vida e morte lado a lado nas ficções, nos poemas, nas escolhas da gente e também naquilo que não está sob nosso controle, como numa pandemia.