Uma expedição jornalística até o Vale do Swat, no Paquistão, resultou neste livro que conta a história de Malala para as crianças. A brasileira Adriana Carranca percorreu trajetos e espaços familiares da menina que, por querer exercer o direito de estudar, foi ameaçada, baleada e se tornou símbolo mundial da luta pelos direitos humanos.
Na cultura paquistanesa, meninas, ao nascerem, sequer são anunciadas. E são criadas para casarem cedo. Malala, que possui uma relação especial com o pai, não se limitou à invisibilidade feminina de sua cultura e recebeu os mesmos direitos que os meninos. Na escola, ela é descrita por suas amigas como a mais falante, sorridente e estudiosa.
O relato é tenso ao descrever como a comunidade onde vivia Malala é invadida por extremistas e novas leis. E, a partir de então, o Estado Talibã passa a nortear até mesmo a maneira de as pessoas serem no mundo, seus pelos, sorrisos, desejo de estudar... A protagonista, sua família e muita gente passou (e passa) por isso. Na época, as meninas foram proibidas inclusive de ler e ir à escola, mas encontraram um jeito de estudar. Malala, com o uso de um pseudônimo, cria um blog para denunciar tudo de mais horrendo que ocorria por lá. Tempos depois, o Talibã se vinga, baleando-a na cabeça. Malala sobrevive e segue lutando pelos direitos de meninas e mulheres no mundo inteiro.
A descrição de Adriana é repleta de detalhes. Cheiros, sons e sensações embalam a leitura de tal forma que um lugar nunca visitado pelo leitor parece até familiar. Então, fica a pergunta: de que outra forma poderíamos viajar pelo Paquistão, se não pela Literatura? Os livros podem nos levar a lugares nunca visitados sem mesmo sairmos de casa. E ainda estreitam as diferenças e aproximam culturas aparentemente tão distintas.
As belas ilustrações são da Bruna Assis Brasil, que compôs uma Malala colorida, doce e forte.