Um navio negreiro deixa um porto na África repleto de pessoas. Adultos, crianças, homens e mulheres, capturados à força para serem escravizados em um continente desconhecido. Pertenciam a povos diferentes, falavam línguas diferentes, todavia se irmanavam nos sentimentos terríveis de tristeza e agonia provocados pelos colonizadores que os tiraram de seu lar... Seguindo o rastro do navio, havia uma enorme sereia. Ela sentia a dor e escutava o lamento daquele povo que era seu, mas não podia fazer nada sem que alguém pedisse sua intervenção. Um dia, uma menina pediu.
A narrativa de Teresa Cárdenas, com ilustrações lindíssimas de Vanina Starkoff, mescla o tom épico de antigas lendas para evocar um período muito longo da nossa história, em que navios e mais navios eram trazidos cheios de homens e mulheres escravizados para nossas terras. Ao contrário do que acontece nos livros utilizados nas escolas, dessa vez, o relato não é feito pelos portugueses, ou mesmo por historiadores. Quem conta a história são os filhos e netos das próprias pessoas escravizadas.
É fundamental conversarmos com nossas crianças sobre o processo de escravidão no Brasil e como, ainda hoje, impacta e reflete em nossa sociedade e no racismo estrutural em que estamos mergulhados. Não existe outro caminho para transformar a realidade sem entender como tudo começou e como aqui chegamos.