Na casa da vó Madalena, o tempo parecia correr diferente, diz a sua neta revisitando a memória. Contemplar o mundo sentada à varanda na companhia do chimarrão, por exemplo, foi um aprendizado com quem não usava relógio no pulso.
Com o passar dos anos, os hábitos de avó para neta são nutridos no cotidiano, na mesa do café, na soneca no sofá da sala, no quintal. Receitas que vó Madalena aprendeu com a sua mãe, transmitidas à neta, num livro com pouco texto e repleto de imagens. O que pode fazer o leitor pensar numa avó de poucas palavras...
Neste livro experimento é possível fazer uma viagem exploratória pelas imagens ricas em detalhes. A artista Natália Gregorini resgata a sua própria história e a reescreve neste livro ilustrado produzido durante o seu Mestrado em Poéticas Visuais (Unicamp). Natália se utiliza da técnica de gravura e relata: “Desenhei na parte interna das embalagens, que abro e limpo, para fazer as imagens com uma ponta seca (algo parecido com uma agulha). Também uso lixas”. As cores se apresentam aos poucos, destacando objetos ou cenas.
Nas famílias brasileiras a figura da avó se faz diferente, principalmente no que diz respeito às classes sociais. Em grupos com renda baixa, é comum que avós assumam os cuidados com as crianças para as mães e pais trabalharem. Em outros grupos familiares mais privilegiados, a avó pode se fazer presente no cotidiano ou ser a figura especial do final de semana, ou das férias.
Bem, no geral e na maioria das vezes, quando se pensa em avó, há um baú de recordações, sejam elas boas ou nem tanto. Com o livro Madalena, esse arsenal de lembranças vem à tona para nos provar que os registros da infância são para a vida inteira.