De tempos em tempos, Eva Furnari faz um livro diferente que revela uma face desconhecida, entre suas histórias fabulares, anedóticas e tão cheias de trocadilhos. Aqui temos uma obra livre de classificações: sem idade e sem gênero textual fixo. Um livro lunático que muda a cada virada de página, com ares amalucados: um livro para o leitor distraído como a autora que vive entre palavras e imagens no mundo da lua. E a lua é algo bem inconstante, ora crescente, cheia, nova, ora minguante, mudando o comportamento da gente!
E aqui temos haicai, frases soltas, aforismos, ditos de humor fino, muito bom humor, chistes, dísticos, apaixonados e enciumados, buliçosos, observações ligeiras, piadas com menos de um minuto, disparates, filosofia que caberia numa caixa de fósforo, poesia e o retrato de estranhos personagens engraçados, encabulados, nostálgicos (porque não sabemos de que baú imaginários eles escaparam), coisas que rimam como eco, ternura ou imagens pintadas dentro de imagem.
Porém uma coisa é certa: a sutileza da linguagem e da aquarela de Eva Furnari — o inconsciente poético livrando a todos nós da inibição do pensamento. Num instante, entramos na órbita de variadas luas.