Deus criou todo o universo, a Terra, os animais, as plantas e as pessoas. Ficou por aqui um tempo, cantando e dançando com seus filhos, até decidir ir embora do paraíso terrestre. Pois bem: passado muito tempo, o Criador quis voltar para fazer uma visita e pensou que seria melhor esconder sua verdadeira forma — e voltou como um kuján, ou seja, um tamanduá. Os moradores da aldeia, a encontrarem um animal realmente belo, armaram-se de alegria e cipós para capturá-lo a fim de servir a presa no banquete de uma festa próxima. No entanto...
Os meninos Roti e Cati logo se deram conta que, diante deles, estava um ser muito maior do que um simples tamanduá.
Com ilustrações de Rita Carelli, o primeiro livro infantil escrito por Ailton Krenak resgata uma história transmitida de geração em geração, desde quando o tempo ainda nem era contado.
Trata-se de um mito que nos fala sobre a intervenção divina no cotidiano humano. Assim, quando as crianças percebem o Deus-tamanduá, ele se transforma na figura do Avô e compartilha muitos saberes a Roti e Cati. A narrativa traz uma visão de mundo diferente da nossa que, frequentemente, nos coloca em uma relação de posse com a natureza, e não de pertencimento.
As ilustrações foram realizadas a partir de recortes, daí vermos a sobreposição dos papéis e sombras através das páginas. Com os olhos expressivos de seus personagens, as cores e outros detalhes, essas imagens ajudam-nos a pensar em uma época em que o importante era muito mais sutil.