Jeremias tem um quarto só para ele e de sua janela observa as crianças brincando na rua, onde nunca arrisca um futebol ou outra brincadeira. Certo dia, ele faz um desenho diferente do que estava acostumado, grande, azul: é um monstro. De verdade! Chato e inconveniente, diga-se de passagem. Jeremias sofre com seus pedidos mandões, mas só até encontrar uma solução para ter a sua paz de volta e desejo de ir à rua.
Nesta história, Jeremias é quem cria o monstro, caracterizando-o com base em seus medos. Mas é também o próprio menino que se livra da criatura horrenda, o que nos remete ao protagonismo da personagem diante dos obstáculos que surgem em sua vida.
A narrativa visual é rica em detalhes e merece ser explorada desde a capa. Entre as ferramentas subjetivas utilizadas pelo artista ressalta-se o espaço em que o protagonista desenha especificamente o monstro: Jeremias desenha na tela virtual do espaço imaginário entre o mundo dentro do livro e nós, aqui fora, ao contrário dos outros desenhos da história, que estão no papel.
Peter McCarty convida os leitores para que cada um desenhe o seu monstro e fale sobre ele. É ou não um chamado interessante para quem está enfrentando medos novos ou velhos conhecidos? É muito comum, entre crianças, que a saudade da mãe, o medo de perder o pai, a ameaça do irmão – mesmo que de brincadeira – reverberem em forma de monstro, lobo mau...