A pressa da rotina inibe o olhar e uma percepção mais generosa para a vida. Nossa visão de ciclos não nos faz notar que tudo está acontecendo pela primeira vez. Pela primeira vez, aquelas folhas caem daquela árvore. Pela primeira vez, a menina contempla aquela paisagem que não é a mesma de ontem e não será a mesma de amanhã. Tudo está em constante mudança e transformação. Tudo é novo de maneira individual e é na contemplação do ineditismo e na observação dos detalhes da vida que reside a poesia.
Neste livro, publicado de maneira independente, fragmentos poéticos nos colocam a pensar sobre o que é principal na vida. Ora uma narrativa visual, ora história em quadrinhos, palavra e imagem combinam-se de diferentes formas para falar das mudanças pela passagem do tempo, do autoamor que advém de um autocuidado, da interconexão entre o que existe, como cada trajetória influencia muitos outros percursos e do instante eternizado pela contemplação.
Chamar a vida de irreversível indica que não há volta. Aquilo que se quebra não se reconstitui, mas pode-se criar uma nova aparência e dar liberdade àquilo que se parte de ser algo novo. Dentro do irreversível cabe o ver e, combinado a ele, um ir e vir em um lugar sensível.