Desde os mais remotos e populares contos maravilhosos, o caminho do herói se faz através de portas, paisagens e inesperados portais que se abrem sobre terras distantes por onde reina, acima dos homens, mulheres e animais de estranhos poderes, um código de conduta bastante certo e luminoso. Por mais solitária que pareça, a viagem nunca será feita ao léu, vazia de significados: os personagens vão encontrando objetos mágicos e conselhos úteis para toda a vida...
Tal sorte, que podemos chamar de a boa educação, é o que preenche este livro que apresenta um poema de Neil Gaiman — publicado anteriormente dentro de outro livro de recontos (A Wolf at the Door, 2000) e dez anos mais tarde ilustrado separadamente por insistência por Charles Vess, aqui com a tradução de Elvira Vigna (2013).
Que direção tomar, como encontrar as passagens menos perigosas, dizer inicialmente palavras mágicas como “por favor” são algumas das instruções de que todos nós precisamos já no começo de nossa jornada em família e depois mundo afora. Como nos comportar nos lugres que chegamos, o que comer ou beber, tocar ou não os objetos alheios são, realmente, as normas de condutas que os heróis de todos os tempos devem conhecer e respeitar. Assim, não é para ninguém se admirar que, entre fadas e diabretes, a ajuda ao próximo seja a lição que nos recordam os gregos e os troianos da Odisseia, os religiosos e os alquimistas da Idade Média, os moradores dos mares, dos céus, das floresta, dos campos e das cidades. Tudo obedece a uma ordem da harmonia e todos nós velhos ou novos somos seus verdadeiros caminhos!