Em 1939, as férias de verão chegaram, mas ainda havia uma tarefa a cumprir: como exercício de caligrafia, Michał Skibiński deve escrever uma frase, todos os dias, em um caderno. Nos primeiros dias, os registros são comuns à vida de uma criança: o passeio com a avó, a ida à doceria, um pica-pau na árvore… Acontecimentos triviais que, semanas depois, passam a ser duramente atravessados pelo testemunho do conflito bélico. “Começou a guerra”, escreve o garoto de oito anos em seu diário.
A linguagem simples e direta (como é, em geral, característica da infância), confere ainda uma perspectiva diferente das narrativas habituais de guerra, lembrando que conflitos travados entre governos e países – sejam os dos livros de história ou os do noticiário atual – ressoam na vida de todos os atingidos, inclusive das crianças.
Mais de 30 anos depois de escrito, já nos anos 1970, Michal encontrou o caderno pautado e o entregou a um sobrinho, que deu encaminhamento para que a obra pudesse ser publicada. Agora, mais de 80 anos depois de escritas, as linhas registradas pelo então menino de oito anos passam a ser acompanhadas pelas pinturas de Ala Bankroft nesta obra absolutamente extraordinária e emocionante.