As férias do verão de julho de 1939 chegaram,mas ainda havia uma tarefa para Michał Skibiński cumprir: como exercício de caligrafia, escrever uma frase diariamente, em um caderno, a fim de passar para o ano seguinte. Nos primeiros dias, os registros são bastante comuns à vida de uma criança, em uma pacata Polônia, como o passeio com a avó, a ida a uma doceira, capturar uma vespa dentro de um copo... Acontecimentos triviais que, semanas depois, passam a ser duramente atravessados pelo testemunho do conflito bélico. “Começou a guerra”, escreve o garoto no dia 1o de setembro.
A linguagem simples e direta (como é, em geral, característica da infância), confere ainda uma perspectiva diferente das habituais narrativas de guerra, lembrando que os conflitos travados entre governos e países – sejam os dos livros de história ou os do noticiário atual – ressoam na vida de todos os atingidos, inclusive das crianças.
Mais de 30 anos depois de escrito, já nos anos 1970, Michał encontrou o velho caderno pautado e o entregou a um sobrinho que deu os devidos encaminhamentos para que a obra pudesse ser publicada. Agora, mais de 80 anos depois de escritas, as linhas registradas pelo então menino de oito anos passam a ser acompanhadas pelas pinturas de Ala Bankroft, nesta obra absolutamente extraordinária e emocionante.