Adriana Calcanhotto, artista responsável pela organização e ilustração desta publicação, explica que: “O haicai do Brasil são dezessete sílabas de invenção e esta antologia não pretende esgotar o assunto senão espalhar o pólen do haicai, oriental, ancestral, moderno, contemporâneo, brasileiro, entre os novos leitores e escritores da poesia do Brasil”. Entre os trinta e três nomes do compêndio, estão: Paulo Leminski, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Teruko Oda, Décio Pignatari e Maria Valéria Rezende. Artistas com mania de entortar palavra. São diversos os modos como as poetas e os poetas brasileiros registram seus dizeres, assim como plurais somos nós e o que se passa por dentro de cada um. Estrela Ruiz Leminski fecha o livro com:
infelicidade:
só o teu cachorro
estava com saudade
Eduardo Coelho, professor de Literatura (UFRJ), assina um importante posfácio com notas sobre o percurso do haicai no Brasil. Segundo o pesquisador, esta categoria poética surgiu com o intuito de registrar o breve e o exato. Havia o objetivo de trazer às artes, de um modo geral, os traços das mudanças socioculturais do início do século XX. E a linguagem do haicai representa a tentativa de apreensão da concisão, como o dizer imediato do cerne de uma cena. Eduardo descreve um panorama do haicai passando pelos poetas que compõem esta edição, que dialoga com a história da própria poesia brasileira.
Apresentar uma obra como esta às crianças é aproximá-las de um dizer poético único. É dizer a elas que a literatura é também brincante, livre para interpretações, errante e tocante. Mostrar que Manuel Bandeira e Drummond, por exemplo, podem ser lidos de outra maneira. É demonstrar a imensidão da poesia no Brasil. Trata-se de um livro que informa e eleva o conhecimento do leitor, como também eleva seu repertório estético e seu orgulho pela cultura brasileira.