Greg mora em um trem com seu pai e sua mãe, e a vida dessa família atravessa pontes, morros, túneis escuros, seja em dias ensolarados ou dias de temporais. E essa é a metáfora da vida, cheia de encantos e desencantos, encontros e desencontros, de emoções e surpresas. Greg observa e vive tudo isso.
Quando o trem atravessa um túnel longo e escuro, haverá sempre o despontar de um desafio: antigos vagões que se separam, novos vagões que se conectam, moradores que chegam e moradores que partem e, por mais que Greg estranhe tudo isso, logo se acostumará, aprendendo a brincar e conviver com todo esse alvoroço, fortalecendo os laços de afeto mesmo em meio.
Nessa alegoria sobre as mudanças inevitáveis da vida, a escritora Ana Luísa Badaró, que também é neuropsicóloga, nos coloca diante de um tema difícil: a separação dos pais, a despedida de amigos e as transformações que ocorrem na vida das crianças com a quebra de vínculos. Há momentos de muita tristeza, representados pelo túnel, sempre escuro; momentos de alegria com a entrada de novas personagens no trem, representando os novos vínculos que são criados, mas sempre com o trem continuando sua viagem, assim como a vida.
As ilustrações de Odilon Moraes, em aquarela, nos mostram a movimentação desse trem, refletindo as emoções de Greg com cada acontecimento nessa viagem, com seus altos e baixos, seus dias de sol e seus dias de chuva. Após se emocionar com esse texto, de uma coisa podemos ter certeza: mudar as nossas vidas, as nossas conexões afetivas, repentinamente não é nada fácil, mas o trem da vida sempre seguirá seu caminho.