Muitas histórias de animais conduzem o pequeno leitor a outros tempos e lugares. Com o livro do autor holandês Leo Lionni, não será diferente, pois a história de Frederico, um ratinho bastante sonhador, traz, para as páginas do livro, uma paisagem rural, com curral, paiol e um velho muro de pedras, onde morava uma previdente família de ratos-do-campo.
O inverno se aproxima e exige trabalho e disciplina para armazenar alimentos e outras provisões. Este é um tema recorrente nas histórias europeias, lembrando muito proximamente a fábula da cigarra e da formiga. E é justo essa oposição que vemos aqui: Frederico tem alma de cigarra e, enquanto sua família caminha diligente, o ratinho sonhador vai colhendo raios de sol, cores e palavras para o futuro rigoroso.
O ratinho sonhador é, na verdade, um poeta que consegue trazer à alma e à memória de seus outros familiares as sensações de calor e do colorido para afugentar o cinzento frio. Com as palavras, Frederico sabe povoar o silêncio e o eco escoa para dentro dos corações.
Com uma narrativa bastante ligeira e diálogos simples dos personagens, a obra resulta em um livro de noções a respeito da passagem do tempo, das marcas estáveis das quatros estações e da peculiaridade de cada pessoa (ou ratinho) dentro de sua própria família. As ilustrações foram feitas, de um modo bastante afetivo, na técnica de colagem, resultando em nível de detalhes bastante grandes pela dimensão dos recortes e a exploração de papéis texturizados. E a expressão do olhar dos personagens é o chamariz para a leitura de suas emoções e interesses!