Imagine dormir até não ter mais um pingo de sono, acordar ao lado de seu príncipe, abrir a janela e se deparar com um dia lindo de sol, com céu azul, e apenas uma nuvenzinha no canto, caso você queira brincar de adivinhar figuras, claro. E depois brincar com o que mais gosta, comer deliciosos pratos e assistir a seus filmes favoritos. Parece um sonho! Mas repetir isso todos os dias, pode ficar meio entediante, não é? E foi exatamente isso que a princesa e o príncipe acharam em seu milésimo trilionésimo quarto dia perfeito. Após o “felizes para sempre”, a vida das personagens dos contos de fadas permanece assim: com jeito de que tudo é perfeito. O dia sempre de sol, nenhum vilão ou alguém correndo perigo para salvar, até a Cinderela não aguenta mais calçar o sapatinho de cristal. Então, o príncipe e a princesa decidem convocar uma reunião e enviam e-mail para as personagens que conhecemos e outros menos conhecidos, no intuito de reescrever suas histórias do ponto onde elas terminaram. Mas como escrever a vida após o final, se eles são apenas personagens e não escritores? Nessa aventura metalinguística e intertextual, o próprio escritor, Antonio Prata, se vê obrigado a entrar em cena e fica em choque quando o interfone de seu apartamento toca e o porteiro Nei, avisa:
Antonio, estão aqui uma princesa, uma meia dúzia de príncipes, a Chapeuzinho Vermelho, a avó dela, três caçadores, a Bela Adormecida, a Cinderela...a Rapunzel, a Branca de Neve, os sete anões e mais uns personagens que eu não conheço. Pode subir?
Com ilustrações bem humoradas de Laerte, uma das mais importantes cartunistas do Brasil, a história do cronista Antonio Prata descortina como uma vida de felicidades eternas mas também pode se tornar um grande problema. As pequenas imperfeições, como um dia de chuva para se molhar e pegar uma gripe, as picadas de mosquito e até uma injeção trazem emoção ao nosso dia a dia, tornando os momentos especiais e inesquecíveis.