Ao longo de 70 fábulas, tão curtinhas quanto deliciosas, Gianni Rodari nos transporta para inúmeros universos, cenários, países, cidades, ruas e casas, todos únicos e fascinantes. Suas palavras são tão mágicas e envolventes que, se você estiver no papel de contador de histórias, poderá facilmente se esquecer da mediação e ficar em pé de igualdade com a criança apaixonada pelo que ouve. É isso o que nos provoca o personagem principal deste livro: o Sr. Bianchi é um vendedor viajante que, por conta do trabalho, passa seis dos sete dias da semana longe da sua família.
A fim de se fazer presente, mesmo estando fisicamente distante, todos os dias às nove da noite em ponto, o Sr. Bianchi liga para casa a cobrar e conta uma breve fábula para sua filha, que não mais consegue dormir sem as narrativas criadas pelo criativo e afetuoso pai.
Para a grata surpresa do leitor, alguns personagens se repetem em diferentes histórias, ao longo do livro que também nos surpreende pelas ilustrações do grande designer Bruno Munari. Como o telefone de disco que decora a capa, os desenhos de Munari se parecem muito com os rascunhos e anotações rápidas que costumamos fazer nos cantinhos da folha de um bloco de recados.
Na época em que a obra foi originalmente lançada, em 1962, os telefones ainda eram de disco e muitos de nós também enrolavam o dedo no fio encaracolado durante as conversas a distância. Mas, fora isso, parece que o tempo não passou. Aliás, pode ser que você não veja mesmo o tempo passar e conte muito mais do que apenas uma fábula por noite para a sua criança. Pode acreditar quando dizemos que não será nenhum sacrifício.