Desde o título, já se adivinha a intenção do escritor ao recontar antigas fábulas a seu próprio modo e assim rever alguns dos mais bem conhecidos personagens em novas situações. Não só a rã inveja o touro e deseja ser do seu tamanho, inflando ar, inflando e aumentando, inflando até estourar, como o touro agora também pretende ser um estouro... e desaparecer da paisagem por onde pastava! E tem aquela história da lebre que dormiu no ponto, depois de contar vantagem que facilmente venceria a tartaruga numa corrida: aqui, no entanto, será a tartaruga cheia de sonho e gabarolice quem atazana a lebre com uma artimanha de arrancar fogo e estrelinhas do chão. Quer apostar? E finalmente será revista a sanha da cigarra e da formiga, vizinhas, amigas e, enquanto uma canta, a outra trabalha com o coração em paz ouvindo as canções pelo ar... Pelo menos este o começo da nova-velha história até a formiga, cheinha de graça e satisfação, resolver também cantar e — estará feita a confusão!
Cada fábula é assim apropriada por Jorge Miguel Marinho propondo ampliações de modo que as velhas fábulas ganham corpo de conto. São histórias de animais para os dias de hoje, com uma expressão moral que não discorda do passado, mas amplia o saber tradicional.