Um dos maiores ganhos de um livro-objeto é a possibilidade de transformar literatura em outras coisas, por meio da imaginação do leitor. No caso de Era uma vez outra vez, então, podem surgir outras rimas, questionamentos e novas utilidades para as folhas sanfonadas. O que remete a um trecho de As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino: "(...) Nas formas que o acaso e o vento dão às nuvens, o homem se propõe a reconhecer figuras: veleiro, mão, elefante...".
As artistas Edith Chacon e Priscilla Ballarin apresentam suas personagens animais em situações inusitadas e divertidas:
Um elefante muito elegante
Que se equilibrava em um barbante
Imagine só a cena? As demais seguem essa linha bem-humorada com desenhos de traçado impreciso e colorido. Poesia é muito bem-vinda à infância. Arrisco afirmar que as crianças são as melhores leitoras de poesia, pois não se preocupam em compreender versos, os sentem. As páginas do livro são encartes soltos que podem ser combinados de diferentes maneiras. Há espaço para a criação do leitor.