“Lá pras bandas do Nordeste” a chegada da chuva é uma dádiva esperada ansiosamente ano após ano. É o momento de semear, de colher, de florescer e de experimentar a abundância após meses de seca. Em Santa Rita do Norte, “onde a água nunca pinga e a seca não tem pena de gente, de bicho e cacimba” a estiagem espichou demais e a esperança desfalecia nas rachaduras do solo que persistiam em ficar. Mas o destino reservava uma mágica surpresa para a pequena cidade: o nascimento de Sebastiana, a menina que chorava chuva! Piúba, irmão mais novo, foi o que primeiro que notou a esquisitice e logo depois a coincidência se confirmou, e a notícia se alastrou.
A chegada do milagre da chuva transformou a rotina da cidade e a vida da pequena Sebastiana, que cresceu em meio a uma multidão de curiosos e expectativas. Ora queriam que ela chorasse, ora que o choro cessasse. Será uma santa, uma milagreira, ou uma tirana?
Esse entrelaçar de transformações, do espaço físico, simbólico e das emoções, está demarcado através das rimas e das ilustrações que mesclam tons, cores e figuras dando vida ao que os personagens estão passando – alegria, tristeza, expectativa, dúvida, esperança, descrença, seca, chuva – trazendo a representação do movimento cíclico da nossa existência.
Diante de todo esse turbilhão de mudanças é que se passa a história de Sebastiana e da “Santa” Rita do Norte, narrada em um belíssimo cordel.
Quem não viu não acredita
Não leva fé que é verdade
Não compreende o mistério
Que brotou de uma cidade...