Quando o mundo já era mundo, mas ainda bem diferente do que vemos hoje, um caçador bem-sucedido retorna com alimento para todos da aldeia. Sem o vazio da fome, a alegria toma conta: muita dança, riso e música, enquanto a ave abatida vira almoço. Indo descansar, o caçador bateu com a flecha no chão, na casa e na pedra, mas o barulho era meio assim-assim. Foi só quando bateu na corda do arco que um som bonito e doce se fez: beum eum, boum oum.
Quase tão antigo quanto o tempo, o arco musical africano foi o primeiro instrumento de corda de que temos registros, datados em mais de 30 mil anos. Assim como acontece com outras histórias muito antigas, essa também é um tanto imprecisa, pois não há muitos relatos escritos sobre esse instrumento que deu origem ao berimbau. Mas uma grande possibilidade é que ele tenha surgido a partir de uma combinação do arco com a flecha. É justamente sobre essa hipótese que se desenrola a história escrita por Rui Rosa e ilustrada por Camilo Martins.
O texto descreve que o instrumento inventado soltava notas suaves como o canto de um pássaro, envolvendo todo o povo e até mesmo os animais e a floresta em uma melodia bonita que não deveria nunca cessar. Assim como palavras, comidas e costumes, o arco musical ou berimbau também nos aproximam de nossos ancestrais e tornam evidentes as nossas origens, propiciando um belíssimo cenário para conversar com os pequenos sobre as terras de onde viemos.