A família de Gil não tinha o costume de celebrar o 24 de dezembro. Enquanto a cidade toda reluzia, o garotinho sentia-se bastante entediado, desejando que alguma coisa diferente acontecesse nas noites do Natal... e ele mesmo fez a magia acontecer. Olhou para a caixa de pizza vazia e viu o quanto ela lembrava um disco voador. Alvoroçado, correu às bugigangas guardadas, resgatou um pisca-pisca que sua avó havia utilizado no ano anterior para enfeitar a casa. Com brilho nos olhos, grampeador, uma tampa de pote de queijo, fita adesiva e, claro, a caixa de pizza e as luzinhas. Estava pronta a invenção: um disco-pizza.
Gil correu para a janela e arremessou a espaçonave. Ficou olhando para ver onde o brinquedo acabaria se estatelando no chão... no entanto, não houve nenhum pouso forçado ou acidente: a nave arremeteu para o alto e voltou para dentro do apartamento do menino.
Olhe, não se preocupe em buscar lógica nessa história! Do disco-pizza, saíram pequenos alienígenas que deram um jeito de levar Gil num passeio pelas ruas até entrarem na pizzaria da esquina a fim de absorver o cheiro de todas as pizzas. Em troca, o chefe da tripulação concedeu ao menino o poder de realizar seus desejos na véspera de Natal ao longo de cinco anos.
É certo que as festas e comemorações religiosas são diferentes e diversas, de acordo com a crença e a cultura dos povos e sociedades contemporâneas. Porém, há algo que permeia todas as infâncias: o faz de conta. Sorriso de criança é diretamente proporcional às porções de alegria e de magia que ela recebe, ou cria. E que dupla compõe esse livro! Texto da psicanalista e escritora Maria Rita Kehl e ilustrações da Laerte, duas referências do saber e da criticidade reunidas para falar à infância.