Nesta narrativa acompanhamos pelo menos três histórias. Ou será uma história única, com diferentes perspectivas que eventualmente se entrelaçam? Enquanto três pais saem para trabalhar em ofícios diversos, todos relacionados ao delivery, seus filhos ficam em casa, ansiando pelo seu retorno.
Em cima da bicicleta, cada um em uma realidade socioeconômica, se deslocam pela cidade em busca do sustento para si e suas famílias: um deles é um executivo, outro é entregador, e outro é pescador. Em comum está o fato de que exercem uma paternidade ativa, embora em diferentes configurações familiares.
A obra com texto de Tino Freitas e ilustrações de Gustavo Nascimento, Nathália Gregorini e Odilon Moraes é um convite sutil e delicado para refletir sobre a presença paterna em tempos de correria , e sobre os meios de se fazer presente, ainda que fisicamente distante. Não deixe de reparar nas escolhas de cada pai para isso, que podem ser, por exemplo, uma mensagem enviada no meio do dia ou o preparo do lanche logo pela manhã. Todos esses, e vários outros, são caminhos que os levam a estar e permanecer vinculados aos seus filhos.
Não é curioso como um mesmo texto pode ser acompanhado simultaneamente por três narrativas visuais diferentes? Sem passar por essa experiência, poderíamos dizer que a leitura seria confusa ou até improvável, mas Delivery nos mostra que ela é não apenas possível, mas muito interessante e cheia de camadas. Com muito afeto e cuidado, o livro nos leva a pensar sobre o desejo de estar junto, construir e fortalecer laços, e sobre o inegável impacto que as exigências cada vez maiores do mundo do trabalho têm sobre as nossas vidas - e dos nossos filhos.