Seis lendas que principiam pelo tempo da Corte no Brasil e varam um século, pouco menos, pouco mais, na literatura de uma das mais importantes autoras brasileiras, Cora Coralina. Sua linguagem tem, por isso mesmo, um sabor de uma velha expedição que buscava registrar usos, costumes, particularidades da paisagem, a fauna típica, pelas extensões de terra que uniam, sem a divisão política dos Estados, o interior paulistano, o solo mineiro e os cerrados goianos, atravessando estradas de terra, vilarejos em festa e fazendas.
Consequentemente, os textos deste livro exigem uma aproximação cautelosa. As frases têm mais curvas e meneios, vírgulas e uma forma de descrever as pessoas de um jeito lento, quase assim: não-chegue-tão-perto que não dei essa liberdade pra você, não!
Vencida a desconfiança da narrativa ao gosto sertanejo e matuto, o leitor vai se encontrar com romeiros, feitores de escravos, mucamas descuidadas, o diabo montado no foguetório do rojão, ossos enterrados em paredes de pesadas pedras, caixões que viajam vazios (ou não), carros de bois substituídos por caminhões e cavalos por automóveis, amigos que caem em casos de traição, mortes, violências, procissão das almas...