Um livro construído a partir do olhar de duas artistas. Uma fotógrafa que registra curvas e linhas retas por onde passa, e uma poeta que escreve versos a partir das imagens.
Se perguntarmos a uma poeta de onde vem essa mania de criar versos para dar outros nomes e outros sentidos às coisas, provavelmente ela lhe responderá que não sabe dizer ao certo, quando se dá conta... as palavras que mexem e remexem na cabeça saltam à boca, ao papel, e se transformam em poesia. Neste livro, há uma espécie de registro do que Ana Maria Machado vê e sente ao passar os olhos pelas fotos de lugares e objetos:
“Quando ando pela rua
e vejo um carro parado,
olho um farol redondo,
descubro um vidro riscado.”
A autora chama a atenção para o pneu da bicicleta, as listras retas na estampa do chinelo, para as venezianas da janela. E, nos versos finais, parece fazer uma declaração de amor à sua parceira de livro, responsável pelas fotografias que o compõem, sua filha Luisa Baeta.
Já pensou pegar na mão de uma criança e percorrer a rua ou o bairro em busca de curvas e linhas retas? E se o passeio for acompanhado de uma máquina fotográfica? E se for uma daquelas polaroide? E se...