Com a mais delicada poesia, Maria José Ferrada criou uma infância possível de sonhos e esperanças para as crianças que tiveram a vida interrompida com a repressão e a perseguição política durante a ditadura militar chilena, que aconteceu de 1973 a 1990. O título de cada poema retoma o nome de cada criança, cuja idade varia de um mês de vida até 13 anos. Assim, para combater o clima de hostilidade contra a infância (em qualquer tempo, em qualquer lugar), os poemas deste livro vem nos contar a respeito das primeiras descobertas, o contato com a natureza, os mistérios da vida e a imaginação própria infantil. Os temas estão ligados a um ambiente onde não há violência nem medo. Esta é a infância que deveria ser garantida a todas as crianças.
Nas ilustrações da María Elena Valdez, predominam as cores cinza e amarelo na representação de elementos da natureza e do cotidiano, num fluxo que realça o próprio onírico. A escolha pelo amarelo remete a variadas formas da luz.
Maria José Ferrada buscou manter viva a memória das vidas perdidas e criar a infância que não chegaram a ter, além de fazer um alerta em relação à violência política, já que o sequestro, a tortura e o assassinato foram armas utilizadas contra quem era oposição ao regime ditatorial.