Muitas vezes consideradas atemporais e universais, como histórias que se conhecemos habitualmente como contos de fadas possuem, de fato, um gostinho especial da época e do local onde foram e ainda são recontadas, seja na forma oral ou escrita. Deste modo, a expressão "conto de fadas" que dá título a esta antologia, também é um nome genérico e particular.
Primeiramente, diz respeito às narrativas folclóricas que se tornaram populares mundo afora, com a presença de objetos mágicos, seres sobrenaturais e animais que falam (como no reino da fábula), intervindo, ora auxiliando, ora afastando, os inumeráveis heróis no caminho de sua felicidade. Mas, particularmente, o rótulo faz referência a uma moda, na França dos séculos XVII e XVIII, após uma onda de narrativas e inventadas foram publicadas em uma coleção que chamou o Gabinete de Fadas.
E aqui nesta antologia, publicado na série Clássicos Zahar, em 2010, tem uma amostra de diferentes contos tradicionais e autorais que permanecem como os mais populares através de sucessivas gerações. Dos contos com moralidade de Perrault, tem Cinderela, Pele de Asno, a primeira versão escrita de Chapeuzinho Vermelho, mais o Gato de Botas, o Pequeno Polegar e o Barba Azul. Tão cheia de ambientações misteriosas e feministas a seu modo, Madame Leprince de Beaumont nos presenteou com a trama de A Bela e a Fera.
Dos contos dedicados à leitura e à escuta em família, cinco narrativas compiladas da boca do povo e reelaboradas pelos irmãos Grimm, entre elas, a versão Chapeuzinho Vermelho com final feliz. Inventivo Andersen, cinco histórias. Merece destacar, após uma passagem pelos contos fixados na França, Alemanha e Dinamarca, um salto rumo à Inglaterra, encontrando personagens enraizados um pouco além da velha tradição continental, como João e o pé de feijão, mais a história completa dos três porquinhos, ambas das recolhas de Joseph Jacobs, e por fim um conto anônimo dos três ursos e a incorrigível Cachinhos de Ouro.
O livro, com capa dura, em tamanho de bolso, traz uma apresentação de Ana Maria Machado, textos integrais com a tradução de Maria Luiza X. de A. Borges, e diversas miniaturas de gravuras coloridas de célebres artistas do passado, responsáveis pela expansão da reprodução de trabalhos em aquarela que caracterizou a Era de Ouro da Ilustração no setor editorial de livros para crianças como presentes de Natal e ocasiões especiais.