Na literatura, tamanho não é documento. As narrativas breves são igualmente repletas de sentidos, a exemplo destes Contos da selva, escritos por um dos maiores autores do século XX e publicados em 1918, contemporâneo mas pouco anterior à produção de Monteiro Lobato para crianças, o escritor uruguaio Horacio Quiroga.
Seus personagens são animais com características humanas e suas histórias se passam na bacia do rio Prata, principalmente entre Buenos Aires e o Paraguai, encaminhando o leitor rumo a um realismo fantástico, no qual coisas incríveis acontecem. Alguns poderão pensar: contos onde coisas impossíveis acontecem. Na história que abre o livro, "A jabuti gigante", um homem muito doente é salvo justamente pelo animal que seria sua refeição: uma jabuti que pensa, fala, lhe dá água e alimento. Ou ainda o curioso conto "As meias dos flamingos" e o engraçado "O Louro depenado".
Os textos aproximam o leitor das vulnerabilidades humanas e tentam dar nomes as suas contradições, permitindo sentir mais proximamente natureza, suas fauna e flora, sua beleza e crueldade selvagem. É possível sair da leitura e repensar as atuais relações entre homens e meio ambiente.
Por fim, é preciso dizer que as narrativas foram adornadas pelo talento de Anabella López. E, a propósito, que bonita ilustração escolhida para a capa!