É verdade que não existe uma única maneira de ser mãe. Cada mulher desempenha a maternidade de acordo com seu repertório, personalidade, limites. Mas há algo que é muito importante que ocorra ao longo da infância: que a mãe sustente a imaginação de sua criança, e é justamente o que faz a mãe do livro da argentina Yael Frankel.
A menina diz que viu um homem nascer de um ovo, a reação da mulher é demonstrar interesse em saber mais sobre evento tão intrigante! Depois, a criança diz que do homem nasceu um pássaro e sua mãe afirma que deseja conhecê-lo, fomentando assim a construção de uma narrativa conjunta, uma família brincante. E esse tecer imaginário percorre as páginas do livro, por meio das palavras e das curiosas imagens curiosas da autora. Olhos nos olhos, cenas de contemplação, mãe e filha brincando juntas.
Um livro que atenta para o tesouro da infância a brincadeira. Para a criança tudo é brincar, inclusive, o pensamento. Fantasiar é o que a criança possui de mais recorrente, portanto, respeitar histórias inventadas é dar créditos à sua palavra e à sua própria existência, contribuindo para a composição de elementos subjetivos do futuro adulto como a confiança e a autoestima. Que as mães não se apavorem com as invencionices das crianças, que leiam Conte-me mais agarradas de suas crias, que sorriam com o impossível, deixem o sonho fazer morada.