Diferente dos outros meninos de sua cidade, Joaquim tinha uma relação intrínseca com a natureza. Era de correr descalço entre as árvores, fugir de casa para sentir a água fluente do rio, rodopiar com o vento mais forte. Às vezes, sonhava que galhos brotavam de seu umbigo, como se ele fosse semente, como se fosse natureza em forma de gente.
Mas houve um anoitecer mais sombrio, Joaquim sentiu uma dor esquisita que deixou sua mãe preocupada. No dia seguinte, estavam filho, mãe e pai no médico. A notícia que mudaria tudo para aquela família. Feito erva ruim, a doença havia se espalhado por todo o corpo e não mais havia o que ser feito. A mãe desmoronou, o pai fugiu da dor e da família. Joaquim, sábio como um menino, viu tudo com outros olhos, na verdade, ele viu com o coração.
A prosa poética do autor Fábio Monteiro é acompanhada das ilustrações de Elisabeth Teixeira, que se munem de ternura e de metáforas para falar sobre o adoecer de uma criança, nos colocando diante das relações afetivas, do mistério da vida, do homem como parte integrante da natureza, e não como mero visitante no planeta Terra. Por mais que o protagonista pareça morar num lugar muito distante, a narrativa está lado a lado do cotidiano de muitas famílias brasileiras, quando se faz comum a omissão ou o sumiço do pai diante das vicissitudes.