Tardes ociosas da infância de Lúcia Hiratsuka no sítio Asashi, no interior de São Paulo, fizeram de sua apreciação da natureza a mais pura poesia. Peixes desenhados na terra transformaram o quintal em mar; uma abóbora pomposa sentiu inveja da simplicidade da berinjela; e uma trilha de formiguinhas carregadas de folhas foram as convidadas de honra para a festa da família.
Poemas de uma delicada beleza sobre as pequenas maravilhas do cotidiano que nos cerca, porém, quase nunca estamos dispostos a perceber, observar e admirar. Já as ilustrações, para além de lindíssimas, são uma incrível oportunidade de apreciar uma técnica de pintura oriental chamada sumiê, com a qual a Lúcia criou as imagens que dividem com o texto as páginas desta obra.
Criada na China, a técnica apresenta traços rápidos, feitos de uma só vez, sem tempo ou desejo de realizar correções. Quando o erro acontece, ou se deixa tudo para trás, partindo em busca de recomeços, ou o erro é abraçado como parte integrante e fundamental do processo e do todo. Exatamente como na vida.
Será que você realmente enxerga aquilo o que está olhando? Quantas vezes nos damos a oportunidade de parar por alguns minutos e observar a natureza ao nosso redor, imaginando e contribuindo com detalhes e histórias para a exuberância da vida em si? Esta é uma oportunidade magnífica para apresentar poesia a nossos filhos e outras crianças, tanto aquela magia contida nas páginas deste livro, quanto a que nos espera todos os dias, do lado de fora dos nossos muros.