A parlenda criada por Tino Freitas é gaiata e casa bem com as ilustrações de Mariana Massarani e seu traço colorido, enérgico. Juntos compõe um álbum ilustrado para ser relido diversas vezes.
Imagine que um menino acorda sem juízo e se comporta diferente do convencional, e faz coisas como pentear os cabelos com uma escova de dentes. Sua mãe, apavorada, pede que ele procure logo o parafuso e ajuste de vez o seu juízo! Sua irmã também o grita “Procure o juízo, menino!” porque o viu passando manteiga na maçã! É mole?
Ao longo da brincadeira proposta pelos autores, o protagonista passa o dia a fazer trapalhadas por onde passa. No transporte escolar, na escola... e na rua, quando resolve jogar bola e num chute bem torto, acerta a janela da vizinha. E onde está mesmo o juízo do menino? Bem, se ter juízo é ficar quietinho, em silêncio, realizando algo que faça muito sentido para si e para os outros, é no final da noite que ele se faz ajuizado.
Mas, a história não acaba. O leitor é convidado a voltar às páginas e procurar pelos parafusos que estão soltos nas ilustrações. Uma maneira de rever as imagens, a história e recriar a narrativa. Esse é um livro bem-humorado que brinca com o certo e o errado, padrões de comportamento e infância. Por vezes, os adultos reclamam da desordem ou da inquietude de uma criança, exigem que se comportem como adultos sérios e compenetrados, e, qualquer forma de ser diferente disso já é taxada de desajuste. Deixemos a criança brincar, fazer barulho, andar por linhas tortas. Ensaiar sobre alegria, criatividade e saúde mental.