Cachtánca é uma pequena cachorrinha castanha, mistura de vira-lata com bassê, com um focinho que a faz lembrar uma raposa. É uma adorável criatura. Vivia com o rude marceneiro Lucá e seu filho, até o dia que, acompanhando-os em algumas entregas acabou se perdendo e vagando sozinha pela cidade cheia de neve. Aquele seria um triste fim para Cachtánca, mas tentando se proteger do frio em uma porta, cruzou o caminho de um homem que a levou para casa.
O misterioso desconhecido notou que a cachorrinha estava magra, faminta e precisava de cuidados. Depois de comer, deitou-se na sala para descansar e dormir Na manhã seguinte, saiu a investigar a casa... encontrou o quarto onde o desconhecido dormia e depois outra porta. Ao abrir, a cadelinha foi surpreendida pelo ganso Iván Ivánitch que veio para cima dela, bicando-a; também viu o gato Fiódor Timofêitch, encolhido em sua almofada. Toda a barulheira acordou o homem, que entrou no cômodo e acalmou a todos, executando alguns truques que, aos olhos de Cachtánca, pareceram irrelevantes... Observando tudo, a castanha vira-lata notou que todos ali ensaiavam um número, incluindo a porquinha Khavrônia Ivánovna, que habitava outro cômodo.
Publicado originalmente no Natal de 1887, nesse conto clássico da literatura universal, o russo Tchékhov nos presenteia com uma narrativa envolvente a respeito da pureza e da inocência de Cachtánca. Nesta edição, o surpreendente caso de fidelidade canina foi traduzido por Tatiana Belinky e ganhou ilustrações de Rebeca Luciani, que remetem aos traços tradicionais da pintura russa, em cores e tons bem marcados.
Enfim, uma história cheia de surpresas, conflitos e desdobramentos a partir do ponto de vista da pequena Cachtánca que se acostuma com a nova vida de artista, vive em paz com seus novos amigos e tutor, sem se esquecer do seu passado com Lucá.