Em um livro, cabem todas as histórias possíveis de serem criadas. E, com elas, de serem vivenciadas a partir da leitura. Mas o livro não é só a sua narrativa, mas também o objeto que permite interações e experimentações. A liberdade com que as crianças brincam com o livro faz parte do processo de desenvolvimento do hábito de leitura e é possível que elas leiam, principalmente as menores, de um jeito diferente do que os adultos esperam.
Nesta história contada por imagens, acompanhamos um garoto que brinca com o livro e cria várias possibilidades para o objeto, que pode ser uma casa, um barco e até uma ave. Mesmo quando o livro deixa de ser o brinquedo e a mãe senta com o filho para realizar uma leitura compartilhada, a contação transporta o garoto para outro lugar.
Por meio das imagens, é possível perceber que o menino se vê no boneco com que brinca junto ao livro. O boneco está com uma blusa azul e ele com uma rosa e, nas ilustrações que representam a sua imaginação, a criança aparece com a mesma blusa do garoto que a imagina, apesar de ser o boneco que está simulando as ações.
Após essas interações com o livro, o menino começa a colocar no papel as suas histórias, indicando que a sua produção é estímulada pela leitura. As ilustrações, feitas em tons pastéis, nos transportam para a imaginação da criança e fazem com que o leitor pense em outras possibilidades de criação com o objeto.
Por se tratar de um livro-imagem, é ainda mais possível que haja entendimentos distintos entre leitores. Cada pessoa tem uma bagagem individual de cultura e vivência que, em contato com o livro, imprime a sua percepção particular a partir do que é lido. Em cada leitura, há pelo menos uma possibilidade de livro.