O escritor Jorge Miguel Marinho diz que “escrever é aproximar a mão que escreve dos olhos de quem lê. E que ler é sonhar nas palavras o sonho de todos. E que a Literatura faz existir o que ainda não existe”.
Blue e outras cores do meu voo é poesia necessária para a vida, porém apenas para quem não tem medo de se aventurar com três asas. Juntando uma poesia jovial, cheia de sentimento e lembrança, evocando tradições da poesia concreta e da poesia visual e, que exigem um olhar atento do leitor, elas dão vida aos poemas, e é assim que somos apresentados ao encantamento da obra dividida em três momentos”: da imaginação, da fantasia, e do sonho azul.
Uma viagem ao interior das nossas emoções. Contudo, nesta viagem tão profunda, não estaremos só, temos a companhia da escrita poética e sua sinestesia, que nos acolhe pelo simples fato de nos fazer enxergar pelos olhos do outro. Podemos nos aprofundar e mergulhar em questionamentos, descobertas, inquietações e ainda assim nos divertir com o manusear do livro e os malabares necessários para a realização da leitura. Um labirinto desafiador!
No primeiro voo deste livro, nos deparamos com sensações que remetem a perda, os desencontros e a solidão, como descrito no poema SÓ:
“sem você
longe de você
Tão distante de você
é a palavra
mais comprida
que existe
“só”
Impulsionados pela segunda asa, alçamos voo e aterrissamos no universo da fantasia. Nos encontramos com a saudade de casa, da cidade, dos pais, da infância, do amor, e até nos deparamos com inspirações do poeta, Quintana, Drummond, e Pessoa são alguns.
Na terceira e última asa do livro, somos levados a conhecer o sonho azul proposto por Marinho, com todas suas dores, amores e cores. Aqui mergulhamos no lado mais livre de sua poesia, alçando voos para novos sentimentos e emoções.
Com tantos voos alçados, a ilustradora Raquel Matsushita se inspira nas poesias concretas de Décio Pignatari, fazendo uso de elementos do design gráfico, da publicidade e de outras invenções deixadas pelo concretismo, para dar movimento e leveza à obra, sempre trazendo o azul como sua cor essencial, e o brincar de luz e sombra, como no poema Blackout.