Nem mã, nem papá... Desde o início da história, a primeira palavra de Betina foi “Qué!” chateando o pai e mamãe. Betina quer o chocalho com bico de pássaro, quer a mamadeira no meio da madrugada, quer o grande urso de jardineira vermelha que mal entrará dentro do carro e levá-lo pra casa. E o pequeno qué porque qué logo se transforma em “quelo” com lagriminhas nos olhos e depois num “quero” contente da vida.
A boneca da irmã, o celular da mãe, o guarda-chuva do pai, até o osso e a coleira do cachorro, ah essa Betina parece não ter jeito. Tudo ela pega e leva para dentro do quarto, para dentro do guarda-roupa. Um dia, ela encontra um tetéu, um pássaro que canta quero-quero-quero e a menina leva ele consigo. Betina também tem um polvo de estimação, com seus oito tentáculos abraçando o mundo...
Com uma dinâmica da linguagem do cartum, o álbum ilustrado de Andréia Vieira traz um tema bastante sensível no cotidiano de algumas famílias, quando os afetos são cambiados por um desejo contínuo de posse. A voracidade e o egocentrismo natural de uma criança são aqui retratados com uma pitada de humor, usando o recurso da hipérbole ou exagero nas ações e reações dos personagens. Deste modo, o livro abre espaço para o riso, fazendo sentir e refletir sobre o estresse do acúmulo, o desprendimento, nossas necessidades de companhia e diversão entre pessoas amadas e queridas!