Há várias versões para a história da Arca de Noé. Esta, é a narrativa criada pelo cordelista Marco Haurélio e pela ilustradora Ana Bella López.
Na história do cordelista, por conta da ação humana, a natureza se manifesta e anuncia um temeroso dilúvio. O mundo vai acabar! Entre os humanos, tal notícia foi simplesmente ignorada. Já entre os animais... O macaco é o porta-voz de tudo, chega na floresta fazendo aquele alvoroço! Afinal de contas é chegado o fim do mundo. Todos ficaram nervosos, buscando possíveis soluções para a salvação. O bafafá está instaurado!
Mesmo assim, não houve jeito
De acalmar a bicharada:
A cabra espirrava muito
Mesmo sem estar gripada.
E a Águia é chega com a boa nova: na grande embarcação se salvariam os animais. Mas, apenas um casal de cada espécie. E com a eminência da morte, há uma disparada dos bichos. Os primeiros conseguiriam salvar-se sob o comando de Noé. Lobos, cordeiros, e... um bicho desconhecido barrado pelo Leão que recebe apoio de vários outros que não consideram prudente embarcar uma criatura tão, tão diferente,
“Não pertence a nosso povo
Um animal que tem bico
Vive na água e bota ovo.”
A discussão entre eles parou a fila. Uma verdadeira audiência para definir se o ornitorrinco poderia embarcar junto de seu par. Graças aos argumentos da Coruja o caso ganha um olhar mais amplo e a arca segue seu curso. Afinal de contas: que mal há em ser diferente? Ou, existe alguém igualzinho ao outro? As ilustrações colaboram para esta discussão ao explorar cores e formas, desestruturando as imagens dos animais como são mais conhecidos. Os traços evocam à liberdade de interpretação que é dada pela arte e à pluralidade do olhar. Ao folhear o livro, o que é um leão bem diferente pode até se tornar outro bicho numa segunda leitura.