Um poeta francês chamado Stéphane Mallarmé disse, uma vez, que tudo no mundo existe para acabar dentro de um livro — e esta é uma ótima chave de leitura para obras das mais variadas, algumas em especial, quando carreiam a intenção de apresentar objetos, cenas ou conceitos a crianças pequenas.
Brincando com dois gêneros editoriais: o imagiário e o livro-legenda, esta obra do casal catalão Meritxell Martí e Xavier Salomó, principia com uma visão do globo terrestre marcado pela linha do Equador. Simultaneamente, a leitura pode vagar em três direções, conhecendo ou reconhecendo conceitualmente o que é um planeta, o mundo ali representado ou o local onde moramos... Já ao virarmos a página, surge a palavra “olhos” e a mente infantil é convidada a ver a similaridade de forma e cor no desenho do nosso planeta e dos olhos de um gato. Da ideia que assim se fixa, um globo azul, encontramos a figura de um anel de safira lapidada e brilhante. Vemos então que o gato arremessa o anel pela janela e palavra apresentada, na página, já oferece uma rima: céu, um céu todo azul, como a água, o reflexo dos olhos do gato e a pedra do “anel”, uma palavra que está dentro da palavra “janela”.
Ondas, peixe, baleia, esguicho, bota, rede, pintura de um jovem Picasso com sua camiseta de mangas e listras, frutinhas chamadas airelas, libélula, barba... Barba Azul! Num livro cartonado, de bordas arredondas, os autores muito livremente oferecem aos leitores um jeito lúdico de encontrar conexões entre tudo o que existe de real e faz de conta, entre coisas que são e outras que parecem ser, ora mentira, ora verdadeiras. Trata-se do jogo simples da associação, abrindo portas para ensaiar breves narrativas ou poesia num ritmo de lengalenga. Um livro para bebês... e pais sensíveis!