Há muitos e muitos anos, nasceu às margens do rio Abacaxis na aldeia Yãbetué’y, do povo indígena Maraguá, um menino chamado Kawã. Ele veio ao mundo antes do tempo e era tão pequeno que podia ser colocado sobre a palma da mão, o que afligia seus pais. Para a tranquilidade deles, porém, ao ser apresentado ao painy (como era denominado o pajé pelos Maraguá), foi revelado que o curumim se tornaria um forte caçador e daria muito orgulho a seu povo. Ali mesmo, ganhou um colar para ser protegido de doenças e outros males.
Aos quatro anos, Kawã ainda era um garoto pequeno, mas ganhou de seu pai o primeiro arco e flecha. Conforme foi crescendo, passou a enfrentar grandes desafios: a onça pintada, a cobra-grande e o gavião real, saindo vitorioso e cada vez mais forte com a proteção concedida pelo painy. Aos catorze anos, passou pelo Wakaripé, um rito de passagem para a vida adulta, e acabou sendo declarado Mirixawa, o caçador-mor, completando a profecia e realizando o sonho de sua vida.
Esta história repleta de aventuras foi escrita e ilustrada por Elias Yaguakãg, que pertence ao povo indígena Maraguá. Inspirado por seus costumes e pelo universo infantil tradicional, o autor criou o livro com o objetivo de compartilhar um pouco de sua cultura com o mundo fora da aldeia. Ao longo do texto, ele conversa diretamente com o leitor, chamando-o de “meu amigo” e convidando-o a descobrir mais sobre o seu povo. Ao final da obra, há um glossário que inclui palavras e grafismos Maraguás, além de regionalismos amazônicos, enriquecendo ainda mais a leitura.