Aqui não há história, mas tem aventura — será possível? Quebrando o corre-corre do cotidiano, muitos bichos selvagens invadem ruas, lojas e casas. Atrás de um fusca está um hipopótamo escondido que o leitor-observador tem que flagrar, em meio aos desenhos coloridos, enquanto várias coisas acontecem simultaneamente: o trânsito que não se move, os motoristas dentro dos veículos, cansados, tristes, injuriados, enfezados, um motoboy indo adiante, carregado de caixas de pizza, a mulher pendurando roupa no varal do alpendre, os pendurados no celular em outra varanda... Ao fundo, a silhueta dos prédios em azul e rosa com suas muitas janelinhas.
Como um livro de caçar-objetos, a narrativa visual é bastante forte na descrição de cenas que vão passando página a página. Por sua vez, o texto-legenda faz o convite e anuncia o animal que entra: um rinoceronte ao lado de uma fonte, uma girafa numa loja de garrafas, um gorila no meio da fila... enquanto os bichos tão grandes e soltos vão aprontando confusão.
Fernando Vilela imaginou algumas cenas, escreveu depois as frases que apresentam uma rima ou trocadilho fácil, antes de começar a trabalhar na ilustração do livro. O ponto de partida foram fotografias da cidade de São Paulo e animais. As primeiras imagens foram renderizadas no computador e transformadas em matrizes para xilogravura; os bichos e os personagens humanos foram desenhados com lápis, pincel, canetas, carimbos de borracha. Depois tudo foi mixado digitalmente. Este é o ritmo!