Esta é uma coletânea de mitos, lendas e contos, cujo título e o nome de Ilan Brenman já apontam como as preferidas de um experiente narrador de histórias. Trata-se de uma seleção que ele reconhece como “joias da humanidade” e possuem raízes bastante antigas, arcaicas mesmo, peneiradas pelo tempo e pela memória, tendo viajado alternadamente pelos caminhos da oralidade e da escrita. É a partir dessas duas formas de transmissão que certamente o contador e escritor brasileiro, israelita de nascimento, filho de argentinos, neto de russos e poloneses, deve ter composto o seu repertório e, dentro dele, joeirado, joeirado, até chegar ao montante onze narrativas de encantamento, exemplos, aventura e força.
De várias partes do mundo, o leitor poderá sentir como as histórias mesclam elementos de originalidade e algum parentesco entre povos e países. Da África, temos notícia de uma rainha que deseja comer da língua de todos os animais, semelhante a mãe Catarina ou Catirina do folguedo do bumba-meu-boi brasileiro. Da Grécia, lembramos a história de Aracne, uma menina órfã que será adotada pela deusa Atena e aprenderá o ofício de tecelã. Da imensa Ásia, ouvimos a lenda do conquistador Gengis Khan que nasceu na Mongólia. Do Brasil e sua matriz galaico-portuguesa, os contos de meter medo como o caso da menina enterrada viva debaixo da figueira, um ou outro caso de pescador... e assim vai Ilan Brenman tomando de assalto as geografias do Egito, da Índia, da Espanha, resgatando histórias de fofoqueiras, segredos, ardis, disputa, fome, alimento, festa, tristeza, amor...