Uma galera do condomínio para para ouvir as histórias de Paulinho. Gargalhadas, perguntas, diversão! Menos para o Seu Benedito, que vive irritado porque sofre do fígado e não vê nenhuma graça no que o garoto fala e ainda o recrimina, chamando-o de mentiroso.
“ – Quase que eu não vinha nunca mais do fim de semana! Tinha um engarrafamento tão grande na estrada que algumas pessoas resolveram ficar morando lá pra sempre.”
Verdade ou mentira? Ah, digamos que é a maneira como Paulinho vê o acontecido. No seu recontar, injeta fantasia e cria novas narrativas. E, convenhamos, que graça, não é mesmo?! Bem, Seu Benedito não pensa assim e de tanto se incomodar com o que ele taxa de mentira, bate à porta do apartamento da família do menino e se queixa ao pai, esperando que lhe dê razão, ouve um: “(...) Por que não experimenta? Pode até curar seu fígado.” Seu Benedito, em uma crise de saúde, recorre ao menino e suas histórias, vai que o pai de Paulinho tem razão?
Adulto tem mania de querer tudo explicadinho, enquadrado numa única verdade, esquece que a lógica para as crianças é outra. Ora, não é justamente na infância que fantasiar está liberado? Bem, está liberado para gente grande também. Mas, para os mais ranzinzas, isso não é permitido nem quando pagar boletos pode ser feito com dinheiro de papel.