É festa para Nana! Mais um ano de vida, ao lado de pessoas queridas.
Sua neta a observa e às vezes vê que Nana aparenta estar triste, surpresa e preocupada ao mesmo tempo. Como pode? A avó, que através da ilustração tem um olhar terno e sensível, lhe explica que isso se deve às linhas de memórias em seu rosto. Para cada linha, uma história: o dia em que resolveu um grande mistério, o melhor piquenique que já fez à beira-mar, a primeira vez em que disse adeus... Após cada resposta de Nana, uma página dupla mostra o que pode corresponder à imaginação da criança para o episódio citado por sua avó.
A menininha provoca as lembranças mais remotas de uma mulher que já viveu muitos anos, experimentou o belo, o frio na barriga, o pavor, a dor. Que já gargalhou na companhia de amigas naqueles momentos em que se esquece de qualquer problema. Essas recordações estão todas registradas. Em Nana e em todos nós, o inconsciente pode até segurar algumas como quem tem em mãos um presente raro, mas de todo modo, como tudo está escrito e registrado, algo sempre escapa e vem à tona. E às vezes, basta olhar com atenção – como as crianças costumam fazer – e ler o que diz o rosto de cada pessoa. Umas mais sorridentes, outras com olhar cabisbaixo, aquela outra com a sobrancelha altiva, e aquela acolá com várias plásticas sem linha alguma o que ler?
Nana diz que gosta das suas linhas, que contam suas histórias. Celebra a dádiva de poder contá-las aos seus. Sua neta nos atenta para a atenção com que as crianças percebem o que há no mundo. Juntas, escrevem outros episódios, novas linhas para ambas. Quem estiver com saudade de avó: reserve o lencinho.