Um poeta nunca está só, vive na companhia de seus livros, versos e tantos outros poetas que escreveram antes dele. E, quando alguém, como Henriqueta Lisboa, decide fazer uma antologia de poemas, temos um trecho de suas leituras, seus vários caminhos que deseja compartilhar junto a outros leitores a fim de fazer conhecer as emoções que sobreviveram ao tempo sempre errante e múltiplo das palavras. Uma antologia pode ser uma espécie de portal para um templo onde as vozes do passado e do presente se combinam, um lugar de interação, onde leitores e poetas leem-se profundamente uns aos outros.
Assim, nesta coletânea para a juventude, Henriqueta Lisboa proporciona uma viagem por terras, imagens, sentimentos e heranças da infância portuguesa. Na cadência dos versos, reconhecendo a expressividade simples e viva de nossa língua, o leitor ouvirá sinos e despertará sonhos, andará a galope em um cavalo de pau, visitando aldeias e cantando barcarolas, fanfarras, alegrias, tristezas, em punhados de fé, mar e céu. Tudo isso como um álbum de retratos e brinquedos do passado, com cheiro de lavanda e tomilho.
Fazem parte desta viagem Fernando Pessoa, Armindo Rodrigues, Branquinho da Fonseca, Miguel Torga, Tomás Antônio Gonzaga, José de Anchieta, Luís de Camões, entre tantos outros, e “a moça mais linda do povoado”, Florbela Espanca.