Quando a gente abre o livro, parece mesmo que Amor, o coelho, anda nas nuvens. É no branco da página que está a casa, a nossa casa, como diz a narradora. Como um coelho igual a tantos outros, Amor come cenouras e folhas de couve, chinelos e pés de cadeiras; come também a paciência quando come jornal ao alcance do seu focinho, patas, peraltices e dentes.
Ao descrever os hábitos de um coelho, Rita Carelli também enumera o que provoca um amor de estimação. O nome do personagem é o salto para a metáfora, para outra dobra para a compreensão do texto. O amor às vezes se esconde nas coisas do cotidiano, dentro de nossa própria casa. Poderíamos encontrá-lo entre as panelas ou no cesto de roupas. Ou seja, nos cuidados que damos e recebemos, na comida feita, no banho com alguém. O amor deste livro — que traz a narradora representada nas ilustrações lembrando a menina bonita do laço de fita de Ana Maria Machado — é uma leitura para todas das idades.