Nenhuma menina chamada Alice escapa à comparação com aquela outra, aquela que caiu num buraco e foi parar no país das maravilhas, encontrando um mundo de pernas pro ar. A antiga Alice reclamava, numa tarde de verão, que livros sem diálogos nem figuras davam um tédio danado. Esta Alice moderna, numa tarde de chuva, sem programa bom na televisão, muito de má vontade e caindo de sono, pega um velho livro de histórias com figuras e... Acaba caindo nas ilustrações — ou melhor dizendo, na cama da Bela Adormecida no meio do bosque e na cama da vovó de Chapeuzinho Vermelho na cabana, é claro, no meio da floresta.
E o príncipe beijou a princesa? E o lobo devorou a menina? São duas perguntas que o leitor pode se fazer e imaginar o bololô que deu, quando Alice passou a viajar nas histórias atrapalhando justamente o clímax... E como ela fez para pular de uma cama a outra, ou seja, escapar de uma página para outra mais adiante no livro grosso de contos do passado?
Casando com a salada de histórias de Gianni Rodari, vemos as ilustrações picarescas de Anna Laura Cantone mostrando a Aurora mais zoró do que bela, o desejo do lobo de fazer um superlanche de Alice no forno micro-ondas e até mesmo uma mistura cor-de-rosa do gatinho de Cheshire com o Gato de Botas, na terceira história onde a menina-leitora se mete. E qual o caminho, depois da bagunça, para voltar para casa? Aceita uma maçã, ou você acha que também irá dormir?